E o tempo passou…

E a vida deu voltas.
E a casa da boneca, que andava tão vazia, se preencheu de energia masculina…
Primeiro veio o amor companheiro, sublime, pra vida toda. Encheu a casa de risos, de cor, de música.
E aquela casa que estava sendo construída no alto do morro, pra uma solitária donzela, foi habitada desde o primeiro dia, pelo amor! Um amor disponível, cheio de carências que ela queria-e podia-suprir, cheio de alegrias pra compartilhar, proteção e um abraço feito ninho acolhedor. Aquela dureza e descrença, aquela busca incessante, deram lugar a uma doce primavera.

Assim, o amor foi solidificando, crescendo na base, transformando e tomando forma, família (=a forma do amor).

Então veio o segundo: amor em forma de gente. Que lembra todos os dias de estar presente, de regar o primeiro- amor presença. Um amor tão grande, que ela se fez amor, que escorre pelos poros e vai deixando rastros, pegadas. A vida transformou aquela boneca em várias, aquela que deseja, que ama, que seduz e aquela que cuida, que educa, que se transforma em mãe, amante, companheira, amiga e um ser cheio de questionamentos, de força e de fragilidade, de certezas e de medos, mas cheia de gratidão. Uma boneca que se renova como quem troca de roupinha. Pra estar melhor, ser mais, poder oferecer o seu melhor e trocar sempre, compartilhar com o amor.

Impermanência

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Tudo feito, falado, escrito…antes de qualquer coisa, é para que não se ate nenhum nó, nenhuma amarra, e que não fique “sem pingos nos is“. A impermanência tem criado histórias reais. A vida se mostra fugidia, correria, faltas de tempo, quereres fulgases, impulsos previstos, repetições do mesmo…Em meio a tantas construções, não dá pra dar sorte ao que virá, porque pode não chegar…Assim como este Gui nunca recebeu este e-mail, todos os “guis” deveriam receber todos os e-mails necessários para que sempre se saiba sobre as coisas lindas da vida- que não é correria, mas coração, do que não é impulso, mas cotidiano amado, querido…Por que insistir nisso? Porque assusta pensar que alguém pode morrer sem saber o que vale tanto, o que é tão importante, sem a chance de saber o que poderia ser…Ainda bem que apesar do e-mail nunca ter sido lido, ele sempre soube, porque “não faltou dizer nada!” (Vale a pena ler a carta da Cris Guerra pra saber do que estamos falando!)

Deixar que o outro se vá sem compartilhar, é perda de tempo… E nunca faltará dizer nada quando sabemos da impermanência!

Do lugar de onde eu vim, pro lugar pra onde eu estava indo!


Do lugar de onde eu vim, o coração precisa dizer pra poder resolver, precisa ser traduzido em palavras pra saber onde está e onde estão, precisa definir pra se liberar, saber o que se passa é um bom passo…

Então isso tem a ver com você este ano, faz sentido??
Este é o momento de ser específico, está na hora de sentir o que vai no seu coração e deixar-se atrair pela realização dos seus desejos. O que você quer meeeesmo? Concentre-se nisso e recuse-se a envolver no emaranhado de questões superficiais que não fazem parte do seu projeto. Haverá muitas ocasiões em que você estará relaxado, sem foco definido, mas a frustração de mudar de um lugar pra outro, de pessoa pra pessoa, de oportunidade medíocre pra oportunidade medíocre, acabará sendo maior que o prazer.

A liberdade que você tanto busca está, na verdade, quando seu corpo, mente e emoções se aceitarem por igual, se equilibrarem, não importa para onde você viaje. A capacidade de se concentrar é uma das principais lições a serem aprendidas por você, caso contrário, sua atenção vai se dispersar em muitas direções, o seu medo do desconhecido se tornará uma desculpa e você não conseguirá nada de concreto que valha a pena.

Liberdade é a capacidade de fazer tudo o que se deseja…desejo é amor…aí você tem mais possibilidade de encontrar o amor de verdade, porque ele é mais bem sucedido em liberdade…e isso não quer dizer largar a gravata ou sair em busca do desconhecido…mas livrar-se de falsos conceitos e mal-entendidos de modo a poder realizar um sonho que seja seu, e não existe uma razão para que seu sonho não deva incluir relacionamentos profundos e satisfatórios. No entanto, se sua liberdade começar a prejudicar a de outra pessoa, nenhum dos dois poderá ser livre.

É provável que o ano passado tenha sido emocionante e confuso pra você, ele teve de ser assim pra você poder saber quais são os seus verdadeiros desejos. Agora chega! Está na hora de encarar as coisas com mais constância.

Os conhecimentos e circunstâncias o levarão de uma experiência a outra e você estará mais próximo ainda do “lugar certo” pra você no mundo. O lugar certo pra você no mundo não é necessariamente uma questão de localização geográfica. Estar onde você quer estar pode estar relacionado com questões de amor, relacionamento, saúde, posição social, finanças, etc.

Qualquer que seja o seu desejo, a meta suprema deve ser o sentimento interior de satisfação pessoal…o tal estado de felicidade. O verdadeiro sucesso não é mais medido pelo que você obtém da vida, mas pela sua contribuição a ela. Você poderá colocar o que você já faz num nível superior.

Você precisa estar junto com as pessoas que buscam a verdade. Você não pode suportar mais as limitações impostas pelas pessoas que não compartilham ou não entendem a sua necessidade de liberdade e realização. Você vai aprender que o amor é o maior poder que existe. Ele também é a “mercadoria” mais necessária no mundo neste momento. Então você vai descobrir que você e os outros são mais dignos de amor e vai querer compartilhar sua boa sorte.

O meu coração quer paz, a sorte de um amor tranquilo, quer que você seja feliz, que se livre das causas do sofrimento, que exerça a sua liberdade com alegria, que encontre as causas da felicidade.

E que o medo se transforme em sabedoria!! E que esses lugares sejam acolhedores, sempre!

Daquelas historinhas de Amor


Um dia e muitos mais, o amor ficou no ar e por quanto ainda ficará… Um dia ela disse que medo de amar não era amor, e ele respondeu depois de uma pausa de mil compassos que medo que não aconteça também não veja o Taj Mahal como cenário de fundo Outros dias olhos nos olhos, mais dias em que os olhos fitavam com medo e pairavam no chão, coração disparado- não mais o medo de que não aconteça porque já aconteceu. Ainda que no coração.

Passaram os dias, silêncios, surpresas, medo?
O Amor sempre esteve ali, e a vida correu…

Um dia- cabelos brancos- eles se encontraram sem medos e o Amor ainda estava lá. Puderam dizer o que a juventude não permitiu e trocaram os votos que ficaram guardados, apesar de toda a vida que se realizou: dos parceiros que vieram, dos filhos, do tempo.

“Esse amor adiado que fica pra sempre, algo que pode ser aproveitado mais tarde, passam-se milênios e aquele amor vai ficar até debaixo d’água e vai ser usado por outras pessoas, ele fica ímpar pairando ali, esperando que alguém apanhe e complete a sua função de amor…”

Histórias de Amor que ficaram guardadas, não são amor? Amor não realizado, é amor? É unilateral o Amor? Histórias de Amor como essa, são como “o amor que um dia eu deixei pra você“…e que um dia você calou, refletiu, sorriu, sorrimos porque o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio…até que se saia da toca e se reflita o brilho desse céu.

Daquelas historinhas de Amor que é bom saber e ver na nossa história, pra não repetir o que passou em incontáveis vidas-nossas marcas- pra deixar viver, pra ser feliz, pra Amar ser si só…porque com o passar do tempo somos mais que só, somos nós-tudo que foi, que sonhou, que rezou. Somos eu e somos nós, e nos encontramos nas curvas do caminho mesmo que tudo o mais aconteça.

Amor pra recomeçar…

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Linda ilustração da Jana Magalhães

“Como é difícil encontrar o amor, filho. É que amor de verdade não é feito só de pele. O que o torna amor é ser feito de alma. Sua matéria-prima é cumplicidade. Você pode se relacionar há anos, ser casado com uma pessoa e não ser dela um cúmplice. Se ela não disser sim, não há o que eu chamo de amor. Cumplicidade, filho, é alguma coisa que você pode conquistar com alguém que parece estar longe. Uma pessoa com quem você se corresponde, por exemplo, pode chegar tão perto do seu coração, mesmo que você não a conheça fisicamente. Isso é amor. Amor de alma. Era o que eu tinha com seu pai. E tinha todo o resto também. Mas parece que as melhores coisas da vida são mesmo as mais difíceis de se encontrar.”

Cristiana Guerra– Mulher forte, linda e suave como tudo o que escreve no livro que deveríamos ler pra lembrar que não dá pra perder tempo, que a vida é preciosa e que o Amor é maior!

“E ‘parabéns’ foi a última coisa que ele me disse. Depois desceu as escadas, eu fechei a porta. Como se houvesse amanhã”

Há flores em tudo o que eu vejo…

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A água caía sobre os ombros, cabelos escorridos nas costas, pensamento no encontro de ontem:

Um dia comum de trabalho, cansada e com os cabelos presos em coque no alto da cabeça, viu um vulto entrando pelo portão e, como o pensamento anda positivo, só podia ser algum amigo…vai até a porta e dá de cara com…essa pessoa perdida, que chega sem saber que pode encontrá-la, porque sabe que não é bem vinda…e o que sai é um sorriso! (Um sorriso???) Percebeu o sorriso expontâneo, virou de costas: não, não poderia ter sorrido pra essa pessoa!

Voltando a água que escorre fria pelo rosto, de olhos fechados, passa a mão pelos cabelos molhados e sorri…a partir daquele momento viu-se livre das má-águas que retia no corpo…aquela pessoa estava tão perdida quanto ela ficou desde que o voto foi quebrado. A diferença é que hoje ela estava plena de si, acariciava seu corpo como quem sabe que todas as experiências foram passadas com amor próprio alimentado, e que a reconstrução estava alicerçada em base firme!

Quando ele se foi, sem mais, a falta que ela sentiu foi de si mesma. Então, depois de tanto tempo, ela percebe que nada mais importa, que as pessoas se atrapalham e (com certeza) um dia perceberam que o tempo passou e que aquilo não valeu a pena, semeou sofrer e colheu frutos podres. Mais que isso, ela pôde olhar a si mesma com carinho e generosidade, agradeceu por ter sorrido pr’aquilo tudo e pediu pra que esse ser se livre da tormenta.

O coração suspira aliviado: passou! Chegou o momento em que a página virou e que a história tomou outro rumo: de mais amor, compaixão, alegria, equanimidade, generosidade, paz, energia constante, moralidade, concentração e sabedoria. Essa prática fez toda a diferença! Ela fechou a torneira, sentiu o corpo mais leve, olhou no espelho e não viu mais aquele olhar apagado que ela acostumou a ver enquanto ele estava por perto (e achava normal). Viu a luz brilhar de novo, abriu a porta do coração e saiu pra ver o sol!

(E havia flores perfumadas por todos os lados)

Tudo aqui quer me revelar…

Mãos estendidas na mesa, lado a lado, meio copo de vinho, uma vela no gargalo da garrafa verde, delicados e deliciosos cheiros da comida, do perfume, da pele, do lugar e do chocolate de depois. Quando fala, olha os lábios dela, e os risos e as palavras revelam que o tempo pára pra eles, enquanto se perdem nas horas pra falar de qualquer coisa, tudo faz sentido.

O mundo gira ao redor, as vozes do fundo competem com os segredos a contar, há uma luz diferente aquecendo aquele espaço-de-nós-dois, mas ninguém percebe…um gole atrás do outro, cumplices saberes, ela se entrega pra os minutos a correr e se preenche de si, inundando de presença esse lugar.

Não querem nada um do outro, a não ser aquele momento. E é tão boa a companhia que o desejo é que o tempo dure mais naquele riso. Ouvir seus silêncios, seus deleites, seus deslizes. Acolher suas manias, seus sentires, suas miradas. Olhar no espelho do outro, com-tato, nada no por-vir e já não precisam de complementos, só ser eu e ser você. Com c-alma, cor-ação. Tudo no seu lugar.

A dupla caminha pela rua: Olha a Lua! Lua cheia! Clarão de Primavera.
Eu estarei lá, sempre que puder, mesmo que saiba que isso não é romance…porque a vida real pede pra ser mais dura que isso, mesmo que o coração discorde totalmente…Em algum lugar bem perto disso, no espaço vazio de entre-atos, na diástole que abre espaço ali dentro, há mais um lugar preenchido: de carinho, de sonhares, de imaginação. E fecha o dia, acalentando a noite de alguém.

Eu não sou difícil de ler…

Fragmentos de mim no meio de uma noite cansada, coração pipocando:
Um dia em que o céu não sabia se abria ou se guardava seus segredos nas nuvens, a sintonia com a dúvida do dia era manter a cebeça no travesseiro pra ver se continuava sonhando aquele sonho tão bom…Mas o despertador insistia em terminar o tempo de soneca, e o juízo chamava pra que ela tomasse banho e acordasse pra mais um dia de desafios e coisas por fazer.

Ela então cumpriu o seu papel de mulher batalhadora e acabou o dia com o saldo de tarefas realizadas. (Essas mulheres hoje são muito competentes, fazem o que lhes cabe e vencem a cada dia uma nova batalha). Mas quem disse que ela queria batalhar? O coração pedia por uma trégua e um braço-abraço pra se aninhar…

Aquela mulher que sempre faz tudo sozinha e que sabe muitas coisas e estuda muito sobre tudo, só precisava compartihar o tempo com alguém que tivesse tempo pra olhar pro outro (pra ela), e que os dois olhassem juntos para a mesma paisagem e sorrissem com a brisa que os instantes trazem e que ninguém pôde perceber porque não tinha tempo de estar com o outro e olhar o céu com calma.

No fim do dia, aquela mulher deitou amando-se um pouco mais e virou pro lado, sentindo um leve abraço por trás -aconchego- fechando os olhos e continuando a sonhar-como de dia.

Dove Ti Porta Il Cuore*…

“Observe atentamente o caminho que seu coração aponta
e escolha esse caminho com todas as forças”
Provérbio hassídico

…e é pra lá que o coração aponta, sempre! E em 2010!

*Vá onde seu coração mandar, um livro que virou filme, que eu adoro!

Vai lá e vê…


Abre os olhos e vê a luz ofuscar suas pupilas…Fecha os olhos…Abre um deles…Respiração ofegante, pensamento agitado: “Caí do céu” ou “Será que anotaram a placa da jamanta que passou por cima de mim?” O dia clareou e ele nem viu, sozinho na cama, sentindo uma vontade gigante de mijar, olha pra os lados e lembra que depois que o dia clareia “é hora de estar chegando na mesa de trabalho” (…) Será que este é meu destino?

Um dia ele acordou sem paciência de vestir a velha máscara, quis ficar de pijama o dia inteiro, sem celular por perto, sem a obrigação de ver as caras que precisam se aturar pro mundo ser civilizado…Apertou o botão do “foda-se” e pediu pra ser ele mesmo, olhar pra o espelho a barba por fazer e entender onde estava antes de entrar na roda gigante que não parou nunca mais pra ele descer…

Vai lá e lê o resto!