Amor pra recomeçar…

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Linda ilustração da Jana Magalhães

“Como é difícil encontrar o amor, filho. É que amor de verdade não é feito só de pele. O que o torna amor é ser feito de alma. Sua matéria-prima é cumplicidade. Você pode se relacionar há anos, ser casado com uma pessoa e não ser dela um cúmplice. Se ela não disser sim, não há o que eu chamo de amor. Cumplicidade, filho, é alguma coisa que você pode conquistar com alguém que parece estar longe. Uma pessoa com quem você se corresponde, por exemplo, pode chegar tão perto do seu coração, mesmo que você não a conheça fisicamente. Isso é amor. Amor de alma. Era o que eu tinha com seu pai. E tinha todo o resto também. Mas parece que as melhores coisas da vida são mesmo as mais difíceis de se encontrar.”

Cristiana Guerra– Mulher forte, linda e suave como tudo o que escreve no livro que deveríamos ler pra lembrar que não dá pra perder tempo, que a vida é preciosa e que o Amor é maior!

“E ‘parabéns’ foi a última coisa que ele me disse. Depois desceu as escadas, eu fechei a porta. Como se houvesse amanhã”

O que você faria?

“Meu amor o que você faria?
Se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria…”

Ainda sobre o calar, sobre o dizer, sobre o tempo de dizer, sobre os medos, sobre as coragens, sobre saber o que fazer na hora certa ou, como diz um querido que tem tomado conta da minha saudade por mais tempo que eu gostaria, que “todas as pessoas mereceriam ouvir o que realmente não importa se certo ou errado”…Ainda olhando pra dentro e cuidando pra semear o que as pessoas merecem, exercitando isso que pareceria fácil se não fôssemos tão complicados…tropeço nesses versos:

Calamos não porque não tenhamos o que dizer, mas porque não sabemos como dizer tudo aquilo que gostaríamos de dizer” Soror Juana

“O que sinto, a verdadeira substância com que o sinto, é absolutamente incomunicável; e quanto mais profundamente o sinto, tanto mais incomunicável é” Bernardo Soares

Então descubro que o carinho e o amor que sentimos pelos outros deve ser o presente que damos a eles, porque a eles pertence; e que não se trata de coragem, de medo, de não saber o que fazer… mas de sabedoria, amor próprio, compaixão, liberdade, luminosidade!

Então, o que você faria?
Escreveria muitas cartas endereçadas e mandaria todas elas, falaria olhando nos olhos tudo que precisa ser dito…tempo, tempo, tempo, tempo, peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso…pra dar e receber tudo que precisa ser!
Eu não perderia mais tempo!!

Nascer com o outro

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Eles se conheceram dançando, na roda de carinhos e colos aconchegantes as peles se tocaram…Na festa junina ele era o noivo que casou com uma noiva grávida…O tempo passou, e eles leves, sorrisos, parceiros na dança da vida. Abraços que alcançam o coração…

Ela com flores na cabeça, a aliança de um amor suave, abraçados no meio da roda, recebendo cada desejo de tantos amigos, uma sementinha na barriga, linda! (Um dia eu sonhei com essa cena!!) Celebraram seu amor no meio da roda que acolhia, que nutria, que serviu de útero pra’quela dupla, já um trio. Uma romântica cena daquelas que não se vê, e os olhos encheram de lágrimas e acreditaram um pouquinho mais!

Quando a noite terminou, a gente se aninhou na mesma roda de sempre, carinho, e festejou aquela família nova! Amor!

P.S. Não peguei o buquet porque não tinha, se não ele era meu nosso, amigas, mas não se preocupem, o amor é contagioso e a alma se preencheu!! A lembrança era mel…podem pegar um pouquinho…

“Simples, devagar e simples, bem de leve a alma já tocou a superfície…”
Assim é bom!

Há flores em tudo o que eu vejo…

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A água caía sobre os ombros, cabelos escorridos nas costas, pensamento no encontro de ontem:

Um dia comum de trabalho, cansada e com os cabelos presos em coque no alto da cabeça, viu um vulto entrando pelo portão e, como o pensamento anda positivo, só podia ser algum amigo…vai até a porta e dá de cara com…essa pessoa perdida, que chega sem saber que pode encontrá-la, porque sabe que não é bem vinda…e o que sai é um sorriso! (Um sorriso???) Percebeu o sorriso expontâneo, virou de costas: não, não poderia ter sorrido pra essa pessoa!

Voltando a água que escorre fria pelo rosto, de olhos fechados, passa a mão pelos cabelos molhados e sorri…a partir daquele momento viu-se livre das má-águas que retia no corpo…aquela pessoa estava tão perdida quanto ela ficou desde que o voto foi quebrado. A diferença é que hoje ela estava plena de si, acariciava seu corpo como quem sabe que todas as experiências foram passadas com amor próprio alimentado, e que a reconstrução estava alicerçada em base firme!

Quando ele se foi, sem mais, a falta que ela sentiu foi de si mesma. Então, depois de tanto tempo, ela percebe que nada mais importa, que as pessoas se atrapalham e (com certeza) um dia perceberam que o tempo passou e que aquilo não valeu a pena, semeou sofrer e colheu frutos podres. Mais que isso, ela pôde olhar a si mesma com carinho e generosidade, agradeceu por ter sorrido pr’aquilo tudo e pediu pra que esse ser se livre da tormenta.

O coração suspira aliviado: passou! Chegou o momento em que a página virou e que a história tomou outro rumo: de mais amor, compaixão, alegria, equanimidade, generosidade, paz, energia constante, moralidade, concentração e sabedoria. Essa prática fez toda a diferença! Ela fechou a torneira, sentiu o corpo mais leve, olhou no espelho e não viu mais aquele olhar apagado que ela acostumou a ver enquanto ele estava por perto (e achava normal). Viu a luz brilhar de novo, abriu a porta do coração e saiu pra ver o sol!

(E havia flores perfumadas por todos os lados)

Para Francisco (e pra todo mundo!)

Sabe quando você não programou, esperou, controlou nada daquilo porque naquele momento estava ocupada olhando pra outro lado da paisagem?

De repente um clic, um silêncio, uma sirene, e você percebe que tudo o que buscava naquela paisagem ao longe, num instante se revela do outro lado de onde você nem pensava mais em encontrar nada…e então a vida te surpreende…Tudo parece tão banal…e a gente segue ainda perdendo tempo com coisas menores…

Por isso, quero que essa moça faça sucesso, porque o mundo precisa de mais Amor, de mais vida, e ela multiplicou isso na tentativa de permanecer, de doer menos. Lindo vídeo de apresentação, que pude ver em filme na minha vontade:

Tudo aqui quer me revelar…

Mãos estendidas na mesa, lado a lado, meio copo de vinho, uma vela no gargalo da garrafa verde, delicados e deliciosos cheiros da comida, do perfume, da pele, do lugar e do chocolate de depois. Quando fala, olha os lábios dela, e os risos e as palavras revelam que o tempo pára pra eles, enquanto se perdem nas horas pra falar de qualquer coisa, tudo faz sentido.

O mundo gira ao redor, as vozes do fundo competem com os segredos a contar, há uma luz diferente aquecendo aquele espaço-de-nós-dois, mas ninguém percebe…um gole atrás do outro, cumplices saberes, ela se entrega pra os minutos a correr e se preenche de si, inundando de presença esse lugar.

Não querem nada um do outro, a não ser aquele momento. E é tão boa a companhia que o desejo é que o tempo dure mais naquele riso. Ouvir seus silêncios, seus deleites, seus deslizes. Acolher suas manias, seus sentires, suas miradas. Olhar no espelho do outro, com-tato, nada no por-vir e já não precisam de complementos, só ser eu e ser você. Com c-alma, cor-ação. Tudo no seu lugar.

A dupla caminha pela rua: Olha a Lua! Lua cheia! Clarão de Primavera.
Eu estarei lá, sempre que puder, mesmo que saiba que isso não é romance…porque a vida real pede pra ser mais dura que isso, mesmo que o coração discorde totalmente…Em algum lugar bem perto disso, no espaço vazio de entre-atos, na diástole que abre espaço ali dentro, há mais um lugar preenchido: de carinho, de sonhares, de imaginação. E fecha o dia, acalentando a noite de alguém.

Recado de Amor


“Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar…
Caberá ao nosso amor o que há de vir”

Trilha sonora pra os recados que quero lembrar e compartilhar.
Ensinamento precioso da Lama Tsering:

“Amar é querer que o outro seja feliz. Desejar a felicidade do outro ser, transcende aos períodos da vida e ao tempo. A motivação é aquilo que nos movimenta, é o que provoca nossas ações, e amor é a motivação…

…Dizer que amamos mais de uma pessoa, vinte ou trinta, todos os que andam na rua, não é amor, é uma justificativa pra promiscuidade…Isso não está na definição de amor…podemos amar a poucos como amamos nossos filhos, esse amor não espera tanta retribuição, nós realmente queremos que nossos filhos sejam felizes e não estamos buscando preencher essa felicidade só pra preencher uma necessidade nossa…mas podemos escolher o ser que amamos, o objeto do nosso amor, como sendo representante de todos os seres, então podemos pensar: “eu quero que essa mulher/esse homem seja feliz…então a partir disso eu vou trabalhar pela felicidade deste homem/dessa mulher, vou cuidar dele/dela, vou apoiar, tentar trazer felicidade pro outro, e não apenas pra esse ser que eu amo, mas que esse ser seja representante de todos os seres”.

…É possível usarmos um relacionamento pra evoluirmos na prática espiritual, nós não precisamos ser monges ou freiras, mas temos que ser capazes de dar amor, de cuidar pra que o outro seja feliz, isso não significa que devemos maltratar a nós mesmos pela felicidade dos outros mas temos que, com dignidade, dar de forma real e verdadeira o amor pros outros seres…assim rapidamente purificamos nosso egocentrismo e acumulamos mérito e sabedoria.

…Temos que ter cuidado com aquilo que vamos querer em troca do nosso amor…não é esta a forma de amor que devemos ter, os “motivos” limitam nossa capacidade de amar. Será que estamos realmente praticando o amor? Será que eu estou praticando o amor? Será que o que eu faço é amor, ou será que estou querendo obter alguma coisa do outro? Temos que observar o que estamos fazendo…

Por exemplo, quando alguém fica com a mulher do outro, será que ele pensa: “eu vou fazer a mulher do outro feliz? Eu estou querendo que alguém seja feliz…” E o que vai acontecer na verdade é que ele vai acumular a não virtude de perturbar o voto de outra pessoa, de fazer a outra pessoa quebrar o seu voto. Nós criamos carma nos relacionamentos, por isso temos de cuidar dos outros seres, temos que fazer isso de uma forma ampla, muitas vezes não sabemos como causar a felicidade no outro, mas temos que tentar fazer o melhor que pudermos dentro da nossa capacidade limitada, e é por essa razão que olhamos pra nossa motivação, então pensamos no amor e relaxamos nossa mente na experiência do amor, nós não precisamos sair por aí dizendo pro outro que o amamos, colocar um adesivo dizendo “eu amo você”, não é necessário fazer isso, por que isso normalmente é feito quando queremos alguma coisa em troca , nós temos que praticar o amor, e não ficar falando sobre o amor.

Por que o outro deve saber do nosso amor? Quando examinamos o amor, começamos a perceber o quanto somos egocentrados: eu amo alguém por que eu quero que esse alguém me ame, porque quero ser amado…Não é errado dizermos pra alguém que nós o amamos, o errado é esperarmos alguma coisa disso, termos alguma expectativa disso, porque essa expectativa é comum, é ordinária, o verdadeiro amor é o antídoto pro egocentrismo.

Se eu não sou aquele que posso fazer o outro feliz eu pratico pra que o outro ser possa encontrar as condições da felicidade e possa evitar as condições que trazem o sofrimento.”

É por isso que eu não digo nada e tento, a cada prática, encontrar a ação do amor que te traga felicidade, amor!

Divirta-se…

…é mais tarde do que você pensa!
Provérbio Chinês